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Covid-19: Profissionais e empresas do setor de limpeza correm risco de demissões em massa

Crise pode gerar prejuízo para milhares de trabalhadores e para a saúde pública

O avanço do novo Coronavírus no Brasil e as medidas para impedi-lo não só mudaram a rotina dos brasileiros e do mundo como também estão trazendo impactos que ainda não foram medidos, mas que já começam a se manifestar nos mais diversos setores. O isolamento social, popularmente chamado de quarentena, fez com que escolas, shoppings, comércios, repartições públicas fechassem suas portas por tempo indeterminado. E esse encerramento de atividades vai impactar diretamente um setor que está diariamente na linha de frente da batalha contra o avanço do Covid-19: o setor da limpeza.

“Entendemos que o momento é complicado para todos os setores. Mas os trabalhadores da limpeza são essenciais na manutenção da saúde dos ambientes. São eles os responsáveis por deixar nossos ambientes de trabalho livres de vírus. São profissionais essenciais. Além disso, são pessoas que fazem parte da base da pirâmide econômica, ou seja, são aqueles que mais precisam de assistência neste período”, explica o presidente do SEAC-PR, Sindicato das Empresas do Asseio e Conservação do Paraná, Adonai Arruda.

A maior preocupação do sindicato é que, com o fechamento das portas de empresas e órgãos públicos, contratos de prestação de serviço sejam suspensos e, consequentemente, os trabalhadores fiquem seus salários. “Hoje, dependendo do contrato de prestação de serviços, cerca de 80% do valor total pode ser destinado à folha de pagamento dos trabalhadores. Se tivermos a suspensão desses contratos, não conseguimos garantir a tranquilidade que esses profissionais precisam neste momento de crise. A maioria deles são mulheres que sustentam famílias inteiras, e este definitivamente não é o momento de deixá-los na mão”, reforça Manassés Oliveira, presidente do Siemaco, sindicato que representa os trabalhadores. Hoje, o Brasil que possui mais de 10 milhões de desempregados, pode ver essa taxa aumentar em mais de 20 milhões no pós-crise provocado pelo novo Coronavírus, segundo a previsão de especialistas.

Limpeza profissional como saída para prevenção

A preocupação com possíveis rompimentos de contrato não diz respeito somente à possibilidade de um alto número de demissões. Com a pandemia, o reconhecimento de profissionais que exercem funções básicas e essenciais vem ganhando força na internet. E o setor de limpeza, que engloba garis, coletores urbanos e profissionais de limpeza administrativa, hospitalar, entre outras também entram na categoria. 

“O trabalho desses profissionais é essencial. Lidamos com saúde diariamente quando entregamos bancos, escolas, leitos hospitalares limpos e esterilizados para uso da população. Se não fossem esses profissionais, o caos estaria instalado e, por isso, pedimos apoio dos setores público e privado no sentido de não interromperem os contratos agora para então podermos dar segurança à categoria”, finaliza Adonai.

Sobre o setor do asseio e conservação

Empregando mais de 70 mil profissionais no Paraná, o setor do asseio compreende áreas como portaria, zeladoria, coleta urbana, serventes, merendeiras, camareiros, auxiliar de cozinha, jardineiros, entre outras. O setor historicamente é um dos que abriu os caminhos para a terceirização, e possui forte atuação no Paraná, com sindicatos patronal e laboral unidos ao contrário de muitas outras categorias. Essa união das categorias – empresas e trabalhadores – já trouxe inúmeras iniciativas que beneficiam o setor como um todo, entre elas a criação da primeira fundação educacional voltada para o setor, a FACOP, que oferece cursos de capacitação gratuitos aos profissionais do asseio.